sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Dia do Patrimônio | 17 de agosto

Em comemoração ao dia do Patrimônio Histórico, Artístico e cultural, o CONPPAC faz uma homenagem em agradecimento a todos que contribuem para preservar e valorizar a memória da cidade de Ribeirão Preto.
 

A seguir, uma seleção de dados históricos apresentados trata de forma sucinta o desenvolvimento da ideia de Patrimônio no mundo, no Brasil e em Ribeirão Preto.

  
Em 17 de agosto de 1898 nascia em Belo Horizonte, Minas Gerais, o advogado, jornalista e escritor Rodrigo Melo Franco de Andrade (1898/1969), criador do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional– IPHAN, em 1937, e diretor da Instituição durante mais de 30 anos (1937/1968).
Rodrigo Melo Franco de Andrade. Foto: Marcel Gautherot [Acervo Iphan]

Durante as comemorações pelo centenário de seu nascimento, em 1998, o 17 de agosto foi instituído como o “Dia Nacional do Patrimônio Histórico”.
 
A formação da noção de patrimônio cultural é resultado de uma longa evolução, que inicia-se por uma afeição de civilizações antigas por obras do passado. A princípio, chamadas de antiguidades, e depois de monumentos, tais obras começaram a ser entendidas no sentido de patrimônio somente no momento em que se conceitua a história como uma disciplina. Esse sentido, mais tarde, desembocaria na visão de patrimônio histórico, e, nas últimas décadas do século XX, na noção mais abrangente de patrimônio cultural. (EESC.USP, 2013)
Arco de Tito, Roma, antes do restauro oitocentista. Ilustração G.B. Piranesi.

Embora ainda não sistematizados dentro da noção de patrimônio cultural, o interesse por vestígios do passado é antiga, já estando presente na Antigüidade Clássica e na Idade Média.

Com o surgimento da conceituação da história e do seu sentido na Renascença, cria-se a condição necessária para que se constitua a noção de monumento histórico. No entanto, Françoise Choay observa que as ações de preservação e restauro desses monumentos ainda não se dão de forma sistematizada. Na época, "a conservação dos edifícios (monumentos, grandes equipamentos e outros) tem lugar, necessariamente in situ. Ela provoca dificuldades técnicas muito diferentes. Está na dependência do domínio público e político, envolve mecanismos edílicos, econômicos, sociais, psicológicos complexos, que geram conflitos e dificuldades (...) Contra as forças sociais de destruição que os ameaçam, os edifícios antigos têm, como única proteção – aleatória, se não derrisória – a paixão do saber e o amor pela arte" (CHOAY, 2001, p.52).
A sistematização das ações de conservação dos monumentos históricos só se dá com a constituição dos patrimônios históricos e artísticos nacionais, a partir do momento em que o Estado assume sua proteção. Segundo a pesquisadora Maria Fonseca (1997, p.11), essa é: 
"uma prática característica de Estados modernos, que, por meio de determinados
agentes, recrutados entre intelectuais, e com base em instrumentos jurídicos
específicos, delimitam um conjunto de bens no espaço público. Pelo valor que lhes
é atribuído, enquanto manifestações culturais e enquanto símbolos da nação,
esses bens passam a ser merecedores de proteção, visando a sua transmissão
para futuras gerações."

Retrato do arquiteto Viollet-le-Duc.
 

Os desdobramentos da política de preservação do patrimônio nacional francês teve, ao longo do século XIX, relevância que vai além das fronteiras do país, repercutindo em muitas outras regiões da Europa. Esse século também assiste ao estabelecimento de duas linhas de reflexão sobre práticas relacionadas aos bens a serem considerados parte de um patrimônio nacional. O arquiteto Viollet-le-Duc, na França, e o poeta, artista e crítico social e de arte John Ruskin, na Inglaterra, são os dois grandes protagonistas nas discussões sobre o sentido do restauro de monumentos históricos no século XIX. (EESC.USP, 2013)
No final do século XIX e início do século XX, no entanto, surge uma nova geração de arquitetos preocupados com o conceito de restauro e em defesa da conservação e reparação, de modo a preservar os valores históricos e artísticos do monumento, baseados nos princípios estabelecidos pelo arquiteto italiano Camillo Boito (LUSO et al, 2006)

Como reação aos conceitos de restauro de Viollet-le-Duc, e às idéias passivas de Ruskin, Boito e os seus seguidores defendem intervenções de nível intermédio, que servem de base às teorias atuais.


"Boito opõe-se às integrações de modo a acabar a obra inacabada, propondo, pelo
contrário, respeitar todas as partes do monumento. Os acréscimos de épocas
posteriores testemunham a história do monumento (...) Boito defende a
manutenção do edifício ao longo do tempo de modo a evitar-se o restauro, com
acréscimos e renovações à semelhança de Ruskin, mas sem deixá-lo cair em
ruínas passivamente. Quando é necessário a intervenção, esta deverá ser bem
diferenciada da obra antiga, afirmando-se contra os restauros estilísticos que
falsificavam os monumentos" [LUSO et al, 2006, p. 38].


 Retrato de Camillo Boito, Collection Montrasio Monza, 1880 (OLIVEIRA, 2009)

A partir do século XX, proliferam outras visões sobre a preservação dos em diversos países, então percebe-se a necessidade de se estabelecer regras aceites internacionalmente, tendo em vista solucionar os problemas complexos de salvaguarda do patrimônio. Conforme estudos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), surgem então as chamadas Cartas patrimoniais, "documentos, muitos dos quais firmados internacionalmente, que representam tentativas que vão além do estabelecimento de normas e procedimentos, criando e circunscrevendo conceitos às vezes globais, outras vezes locais" [IPHAN, 2000, p.07]

No entanto, Fonseca (1997) observa que o grande marco na proteção e preservação de bens de valor histórico, em âmbito internacional, se deu logo após a II Guerra Mundial, com a criação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em 1945, durante a Conferência de Londres.


 
O patrimônio possui a capacidade de estimular a memória das pessoas historicamente vinculadas a ele, e por isso, é alvo de estratégias que visam a sua promoção e preservação. A preocupação em protegê-los começou no inicio do século XX. Foram sendo criadas a partir daí, várias comissões e conferências para estabelecer critérios para proteger e conservar o patrimônio. No Brasil, as primeiras medidas oficiais surgiram em 1936, a partir de um anteprojeto de Mário de Andrade e alguns intelectuais da época, com suas concepções sobre arte, história, tradição e nação, através da criação do SPHAN-Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. (ROCHA, 2012)
Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), no Rio de Janeiro. Instalado no prédio da antiga Escola Nacional de Belas Artes, a edificação do início do Século 20 foi tombada em 1973.

A partir deste trabalho, sob a coordenação de Rodrigo Melo Franco de Andrade, a instituição foi criada pela Lei Nº 378, de 13 de janeiro de 1937. Em 30 de novembro de 1937 é promulgado o Decreto-Lei Nº 25, que “organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional” e institui o instrumento do tombamento.

Preserva-lo então, pode ser uma medida eficaz para garantir que a sociedade tenha a oportunidade de conhecer sua própria história e de outros, por meio do patrimônio material, imaterial, arquitetônico ou edificado, arqueológico, artístico, religioso e da humanidade. Pois através da materialidade, o indivíduo consegue se realizar e afirmar sua identidade cultural, podendo também, reconstruir seu passado histórico (OLIVEIRA; LOURES OLIVEIRA, 2008).

 
Levantamentos feitos apontam que a primeira referência sobre patrimônio na legislação municipal de Ribeirão Preto foi no ano de 1967, através da criação do Conselho de Cultura (Lei n. 2002), em que a principal finalidade seria a de “contribuir para a elevação do patrimônio e a mobilização constante das potencialidades culturais da cidade.” Em 1971 é criado o Conselho da Defesa do Patrimônio Histórico e Cultural do Município através da Lei n. 2.508 sendo este subordinado ao então Departamento de Cultura e Esporte.
Edifício do Primeiro Grupo 1910 - Atual EE Guimarães Junior. Foto: Arquivo Histórico de Ribeirão Preto
 
De acordo com Registro (2013) na década de 1970 foram promulgadas as primeiras leis municipais que dispuseram sobre proteção especial de bens de valores históricos e artísticos, delegando ao Conselho de Defesa (lei. n. 222.508/1971) autorização para qualquer alteração:

  • Lei n. 2.764, de 08 de junho de 1973: declarou de valor histórico o prédio do Teatro Pedro II;
  • Lei n. 2.890, de 28 de maio de 1974: sistematizou as disposições quanto a defesa dos bens locais de valor histórico e artístico; instituiu a figura do Livro de Tombo; reafirmou a competência do Conselho de Defesa do Patrimônio quanto a aprovação de reformas ou modificações dos bens tombados bem como dos imóveis próximos ou na vizinhança do bem tombado; ainda no seu artigo 11, dispôs que, quando o proprietário do imóvel tombado não dispusesse de recursos para sua manutenção, deveria comunicar ao Conselho que solicitaria a execução das obras pelo Executivo Municipal e, no caso do Executivo não realizasse as obras o proprietário poderia solicitar o cancelamento do tombamento.

Em 17 de outubro de 1996, através da Lei n. 7.521, foi criado o Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural do Município de Ribeirão Preto – CONPPAC-RP.

Praça XV de Novembro, Teatro Pedro II, Edifício Meira Junior e Central Hotel. Fonte: Arquivo Histórico de Ribeirão Preto.
 
         “Em Ribeirão Preto as tentativas de acertos na preservação dos bens patrimoniais não são distintas do restante do país e da América Latina. Ainda que as maneiras das Políticas Culturais embora estejam respaldadas pela diferença do popular e do culto, muitos avanços foram conquistados na direção da preservação e divulgação do patrimônio. Os bens sob proteção especial notoriamente revelavam um determinado modo de olhar a cidade, sobre a grandiosidade da arquitetura pontuada na preservação da memória cafeeira”. (REGISTRO, 2013) 

Theatro Pedro II, edifício antigamente e atualmente, respectivamente.
Primeiro edifício alto construído em Ribeirão Preto: o edifício Diederichsen (antigamente e atualmente, respectivamente).





 


terça-feira, 21 de maio de 2013

CATEDRAL METROPOLITANA DE SÃO SEBASTIÃO

Catedral Metropolitana de São Sebastião
Praça das Bandeiras - Rua Florêncio de Abreu
Tombamento provisório

Imagem panorâmica da Catedral Metropolitana de São Sebastião. Foto: Carolina Simon, 2013.

A catedral de São Sebastião, mais que um templo religioso, representa um monumento artístico importante, localizado na área central da cidade de Ribeirão Preto.
A história desse templo se iniciou no século XIX, a partir da doação de um patrimônio, por alguns fazendeiros que habitavam essas terras, com o objetivo de levantar uma capela em louvor de São Sebastião, no bairro das Palmeiras. De capela para matriz e depois catedral de São Sebastião, sua história revela a tenacidade de padres e bispos que, ao longo dos anos, se empenharam na sua construção e embelezamento.

Um segundo templo, mais amplo, foi construído na atual Praça 15 de Novembro e posteriormente demolido, para dar lugar a uma remodelação urbanística da cidade. O terceiro templo, que é a catedral atual, foi construído no início do século XX, em estilo arquitetônico neogótico, muito utilizado no Brasil para as edificações religiosas daquela fase. Em 1904 ocorreu o lançamento da pedra fundamental para a construção da matriz de São Sebastião, depois catedral, sob o empenho do pároco Monsenhor Joaquim Antonio de Siqueira e de seu auxiliar, padre Euclides Gomes Carneiro. Em 1908, com a criação da Diocese de Ribeirão Preto e a chegada do primeiro bispo D. Alberto José Gonçalves, no ano seguinte, a obra ganhou impulso. D. Alberto contratou artistas para decorar a catedral, dentre eles o pintor paulista Benedito Calixto, hoje reconhecido com um dos grandes artistas da época, e que foi responsável pela pintura das seis telas que retratam a vida de São Sebastião. Ele executou também outras imagens com temas religiosos e edificantes, como a pintura da Sagrada Família.  Por volta de 1918, a construção foi terminada, faltando apenas partes da decoração interna.

 

A catedral é um prédio imponente, rodeado por jardins, com escadaria de acesso na parte central e entradas laterais. Numa visita ao seu interior, é possível ver ao centro o altar principal, dedicado a São Sebastião, tendo ao lado a capela do Santíssimo, que se destaca pelo altar e pelas pinturas decorativas. O altar foi sagrado em 15 de junho de 1946 e a capela, em 04 de julho do mesmo ano, pelo bispo D. Manuel da Silveira D´Elboux. Prosseguindo nessa visita, estão dois altares especiais e seis altares laterais, erigidos aos santos de devoção.


Ao lado esquerdo de quem entra no templo, está o altar especial de Cristo crucificado, seguido pelo primeiro altar lateral, dedicado ao Menino Jesus de Praga, com Santa Terezinha e Santa Rita de Cassia; o segundo altar é dedicado a São José, com Santo Expedito e Santa Luzia; o terceiro altar é dedicado a Nossa Senhora do Rosário, com São Domingos e Santa Catarina de Sena.
Ao lado direito, encontram-se o altar especial de Nossa Senhora Aparecida e o altar lateral dedicado a Santo Antonio, com São Geraldo e São Francisco de Assis; o segundo altar é dedicado a Nossa Senhora das Dores, com São João Batista e Santa Ana; o terceiro é dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, contando ainda com Santa Margarida Maria e Santa Edwiges.

A catedral possui um conjunto de vitrais instalados entre 1917 e 1918, que retratam santos conhecidos dos católicos e que são exemplos de vida e virtude a serem seguidos.
A porta principal, chamada de bronze, feita em duas folhas, é um dos elementos arquitetônicos que compõem as maravilhas da catedral, inaugurada em 18 de novembro de 1954, e tem um significado especial por contar por meio de escudos a história da Diocese, hoje Arquidiocese. Na folha à direita, estão sucessivamente os escudos, em bronze: do santo padre o papa Pio XII, gloriosamente reinante; de Dom Alberto José Gonçalves, 1º Bispo diocesano; e de São Sebastião, orago da catedral e patrono da cidade de Ribeirão Preto. Na folha à esquerda, estão os escudos em bronze: de D. Luis do Amaral Mousinho, 3º bispo; e de Dom Manuel da Silveira d´Elboux, 2º Bispo diocesano, e o escudo do município de Ribeirão Preto. Na parte posterior da porta, em letras de bronze, estão os nomes e as datas referentes aos escudos, com a expressão latina ad perpetuam rei memoriam (em português, “para perpetuar a memória dos fatos”).

 A porta não é toda em bronze, devido aos altos custos para sua execução - é de ferro, com os escudos e ornatos em bronze.

A capela do Santíssimo destaca-se pelo altar e as pinturas decorativas que formam um conjunto harmonioso que completa a beleza da catedral de São Sebastião.
Os trabalhos de preservação e manutenção do templo e de seu entorno prosseguem, no século XXI, com a dedicação e empenho de seus párocos e da população católica, conferindo destaque a essa região privilegiada da cidade para seus habitantes.

Fonte: http://www.catedralrp.org/
Fotos: Carolina Simon, 2013.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

PRESERVAÇÃO DA ARQUITETURA MODERNA EM RIBEIRÃO PRETO I



ARQUITETURA MODERNA NO BRASIL
Não diferente de outros países do novo mundo, o estilo chegou entre nós graças à imigração, visita de europeus, retorno de brasileiros que estudaram na Europa e, principalmente, entusiasmo pelo novo estilo por parte das gerações mais jovens de arquitetos.
Algumas enormes diferenças assinalam, contudo, nosso modernismo: a boa condição econômica do Brasil, e o desejo de o governo buscar uma nova fase para a capital federal e a brilhante geração de intelectuais e arquitetos que transformaram o estilo em uma nova linguagem, inconfundivelmente brasileira e universal. (LAURO, 2001)

O modernismo brasileiro destaca-se do movimento internacional por ter assumido formas culturais e estéticas próprias. Em um momento histórico de revisão de valores, de busca de reafirmação da identidade nacional e, ao mesmo tempo, busca de inserção nas discussões universais e no cenário internacional, a arquitetura moderna lança mão de seu legado colonial barroco, das manifestações da arte popular e culturas regionais e volta-se para as possibilidades plásticas e construtivas do concreto armado, tecnologia mais viável no nosso contexto econômico da época.

Produzida num período marcado por intensa industrialização e urbanização no país, a arquitetura moderna brasileira expressa as mudanças de comportamento, as novas formas de sociabilidade, as novas práticas culturais, mas também evidencia os contornos da tradição, traços que a arquitetura residencial passa a incorporar em sua espacialização e linguagem.

IMPORTÂNCIA DE SE PRESERVAR A ARQUITETURA MODERNA
Na medida em que arquitetura moderna nasceu dentro de uma negação e contraposição à arquitetura eclética produzida em finais do século XIX, passado imediato, a sua preservação hoje, quando ela mesma já se encontra inscrita na história, nos coloca questões que exigem novos conceitos e instrumentos de ação (OKSMAN, 2009).

Passado, aproximadamente, meio século do momento de sua maior produção, a arquitetura moderna deve ser abordada como patrimônio histórico, principalmente quando as formas de preservação e intervenção forem discutidas e sempre amparadas pelos princípios e recomendações das cartas patrimoniais - como em qualquer trabalho de conservação, intervenção ou restauro.

É reforçado, desta forma, a importância da salvaguarda deste acervo representativo da história da arquitetura moderna brasileira, de modo que futuras gerações não percam estas referências culturais.
A ideia de que essa arquitetura é um patrimônio cultural e, como tal, merece ser conservada para as futuras gerações, ainda não está consolidada na sociedade. O envelhecimento precoce das edificações, o fato de muito dos edifícios terem sido projetados para usos bem específicos, o uso de novos materiais sem tradição construtiva e durabilidade comprovada são alguns dos desafios na conservação da arquitetura moderna.

Além disso, a arquitetura moderna possui elementos espaciais específicos e uma série de valores que devem ser levados em conta em qualquer operação de conservação.

Dando continuidade ao assunto, serão publicados a seguir alguns edifícios de Ribeirão Preto representantes da arquitetura moderna.


REFERÊNCIAS:
CAVALCANTI, Lauro. Quando o Brasil era moderno: guia de Arquitetura 1928 - 1960 / Organização de Lauro Cavalcanti. - Rio de Janeiro: Aeroplano, 2001.
CARVALHO, Claudia Suely Rodrigues de. Preservação da arquitetura moderna: edifícios de escritórios no Rio de Janeiro construídos entre 1930 - 1960. Tese de Doutorado: Orientador Machado, Lucio Gomes. São Paulo, 2006.
OKSMAN, Silvio. Arquitetura moderna, patrimônio a ser preservado. In: Publicação da Associação Viva o Centro . ano XIII. no 51 . 3o trimestre 2009.
http://www.docomomobahia.org/AF_Marcelo%20Freitas%20e%20Roberta%20Smith_1.pdf
http://www.arcoweb.com.br/artigos/carlos-faggin-arquitetura-moderna-12-08-2004.html
http://www.revistasusp.sibi.usp.br/pdf/posfau/n19/13.pdf
http://ceci.educacao.biz/_Secao/49/_Pagina/Sala/SalaMaisInformacao.aspx?salaId=1709&ass=56361820

terça-feira, 30 de abril de 2013

Notícia: Edição 2013 do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade já está com inscrições abertas


A mais importante premiação brasileira na área do Patrimônio Cultural vem com novidades este ano. Já estão abertas as inscrições para 26ª edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), que agora tem oito categorias, ampliando assim a identificação e a participação da sociedade civil, de órgãos governamentais e de profissionais que desenvolvem ações e projetos de valorização, divulgação e preservação do patrimônio cultural. Em 2013, a premiação celebra também os 120 anos de nascimento do modernista  Mário de Andrade que, em 1936, a pedido do então ministro da Educação, Gustavo Capanema, elaborou o anteprojeto de lei que resultou na organização jurídica da proteção do patrimônio cultural brasileiro e na criação do atual IPHAN.

O edital foi publicado no Diário Oficial da União desta quarta-feira, 24 de abril. As inscrições dever ser feitas até 15 de junho, exclusivamente  via postal, enviando-se o material para as Superintendências do IPHAN. Os endereços estão listados no edital e também  disponíveis no site do IPHAN (www.iphan.gov.br). As Superintendências promoverão a pré-seleção das ações correspondentes aos seus estados ou ao Distrito Federal e as ações selecionadas nestas etapas estaduais serão encaminhadas para a Comissão Nacional de Avaliação, que posteriormente anunciará os nomes dos vencedores nacionais. Os candidatos poderão esclarecer dúvidas e obter mais informações sobre o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade junto ao Departamento de Articulação e Fomento (DAF/IPHAN) pelos telefones (61) 2024-5462, 2024-5463 e fax (61) 2024-5499 e também pelo e-mail premio.prmfa@iphan.gov.br.


O Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade é uma homenagem ao primeiro presidente do IPHAN e foi criado em 1987 em reconhecimento a ações de proteção, preservação e divulgação do patrimônio cultural brasileiro. A partir deste ano, está dividido oito  categorias:
I. Patrimônio Material: Bens Imóveis e Paisagens Naturais e Culturais;
II. Patrimônio Material: Bens Móveis e Acervos Documentais;
III. Patrimônio Imaterial;
IV. Patrimônio Arqueológico;
V. Políticas públicas, programas e projetos governamentais;
VI. Responsabilidade Social;
VII. Comunicação e mobilização social;
VIII. Ações Educativas.
Essa inovação organiza mais claramente a participação de profissionais, empresas, poder público, comunidades e instituições de sociedade civil, ao estimular a participação de arquitetos, urbanistas, restauradores, paisagistas, engenheiros e outros profissionais que desenvolvem atividades neste campo do conhecimento; e ao valorizar as ações empreendidas por entidades governamentais voltadas para políticas públicas; empresas que desenvolvem ações de responsabilidade social para a preservação do patrimônio  e entidades da sociedade civil dedicadas à educação patrimonial, mobilização e comunicação social.
Mario de Andrade e Rodrigo Melo Franco de Andrade
Muitos intelectuais, escritores e artistas colaboraram para consolidar a ideia de uma instituição voltada para a preservação do patrimônio cultural no Brasil entre os anos 1920 e 1930, entre eles Rodrigo Melo Franco de Andrade, Mario de Andrade, Lucio Costa, Carlos Drummond de Andrade, Sergio Buarque de Holanda e Manuel Bandeira. O Ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema, em 1936, solicitou a Mário de Andrade a elaboração de um ante-projeto de lei para a organização jurídica da proteção do patrimônio cultural brasileiro e a criação do IPHAN. A partir deste trabalho, sob a coordenação de Rodrigo Melo Franco de Andrade, a instituição foi criada pela Lei Nº 378, de 13 de janeiro de 1937. Em 30 de novembro de 1937 é promulgado o Decreto-Lei Nº 25, que “organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional” e institui o instrumento do tombamento. Ainda hoje o Decreto-Lei Nº25 é o principal instrumento de preservação do patrimônio cultural brasileiro.

O advogado, jornalista e escritor Rodrigo Melo Franco de Andrade nasceu em 17 de agosto de 1898 em Belo Horizonte. Foi redator-chefe e diretor da Revista do Brasil. Iniciou a vida política como chefe de gabinete de Francisco Campos, atuando na equipe que integrou o Ministério da Educação e Saúde do governo Getúlio Vargas. Entre 1934 e 1945, período em que Gustavo Capanema era ministro da Educação, Rodrigo Melo Franco de Andrade integrou o grupo formado por intelectuais e artistas herdeiros dos ideais da Semana de 1922, quando se tornou o maior responsável pela consolidação jurídica do tema Patrimônio Cultural no Brasil. Em 1937 fundou o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, atual IPHAN, que presidiu até 1968.

Mário de Andrade nasceu em São Paulo, em 9 de outubro de 1893. Poeta, romancista, musicólogo, historiador, crítico de arte e fotógrafo, foi um dos principais inspiradores do Modernismo no Brasil, exercendo grande influência na literatura e nas artes modernas brasileira. Esteve pessoalmente envolvido em praticamente todas as áreas que estiveram relacionadas com o modernismo. Suas fotografias e seus ensaios, que cobriam uma ampla variedade de assuntos, da história à literatura e à música. Depois de também trabalhar como professor de música e colunista de jornal, no fim de sua vida, tornou-se diretor-fundador do Departamento Municipal de Cultura de São Paulo, formalizando o papel que havia desempenhado durante muito tempo como catalisador da modernidade artística na cidade e no país.

Confira o Edital e seus anexos:
Fonte da notícia: IPHAN:
 http://www.iphan.gov.br/montarDetalheConteudo.do?id=17360&sigla=Noticia&retorno=detalheNoticia